quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Túmulo cristão do ano 70


Vem no DN de hoje. Se é como se diz, é uma prova muito interessante de duas coisas: o uso de imagens numa fase muito inicial do cristianismo; e a crença na ressurreição em consonância com o que a Igreja sempre disse, logo na primeira geração de cristãos, antes da escrita dos Evangelhos.

"Sucessor de um pescador"

O leitor Daniel indicou na caixa de comentários de "Pedro, o pescador..." que a citação de Bernardo a que me referia surge na página 77 do livro-entrevista de Bento XVI "Luz do Mundo". Aqui fica a página do livro.




O leitor deixou também um link para a obra de Bernardo em questão, "Da Consideração", escrita entre 1149 e  1152 (nos primeiros anos de Portugal!). A obra é composta de cinco livros. O primeiro e o segundo estão disponíveis online. Mas não é nestes que vem a expressão em causa.


Já agora, quem gosta da Idade Média, não deixe de ler aqui uma série de textos medievais traduzidos.

Fidel Castro regressa à Igreja Católica?


No "i" de ontem. Se Fidel regressar ao "seio da Igreja Católica" abandona o comunismo? Aceita a Doutrina Social da Igreja? (Terá sempre Frei Betto como orientador espiritual, pelo que o capitalismo, mesmo com ética, pode esperar). Pelo andar da carruagem, ainda veremos Fidel com o título de "fidelíssimo", na fila da comunhão?


Mas sem dúvida que a Igreja tem sempre abertas as portas para todas as pessoas. E o comunismo tropical sempre teve um certo elã. "Vão à ilha antes que o capitalismo dê cabo dela", dizia um promotor de Cuba. Braços abertos para receber Fidel, o filho pródigo. A não ser que seja divorciado recasado.

Não temer os confrontos internos

É bom não esquecermos as confrontações que Paulo teve por causa disso mesmo [divulgação da Boa Nova] com os apóstolos, e as dificuldades que tiveram que superar, nos seus começos, a mensagem de Jesus e a própria Igreja. Comparados com tudo isto, os confrontos que se seguiram ao Vaticano II não passam de dificuldades envoltas numa luz suave. À coragem que, naquele tempo, tiveram os apóstolos se deve o florescimento e a difusão da Igreja. É dessa coragem que hoje precisamos. Não podemos retroceder perante as dificuldades; temos é de avançar e de permanecer em diálogo com toda a gente.

Carlo Maria Martini, "Colóquios nocturnos em Jerusalém", pág. 147.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

28 de fevereiro de 870. Termina o IV Concílio de Constantinopla


O IV Concílio de Constantinopla, o oitavo reconhecido como ecuménico pela Igreja Católica (mas não pelos ortodoxos, que dizem que o IV é o de 879-880), começou no dia 5 de outubro de 869 e terminou no dia 28 de fevereiro de 870.

Neste concílio, convocado pelo imperador bizantino Basílio I pelo Papa Adriano II, estiveram em discussão principalmente dois assuntos: a condenação do Patriarca Fócio (que defendia mais poder para Constantinopla e, supostamente, uma curiosa teoria das duas almas, uma terrena e mortal e outra celeste e imortal) e a confirmação da veneração de imagens, assunto que já vinha de Niceia II, contra a iconoclastia.

Fócio é condenado (mas mais tarde é reabilitado pelos ortodoxos e venerado como santo até aos dias de hoje) e o poder de Constantinopla sai reforçado sobre os outros patriarcados orientais (Alexandria, Jerusalém e Antioquia).

Padre acusado de sacar fortunas a idosos



A notícia do JN. Ver post anterior para a capa. Mais uma dor de cabeça para o Bispo de Viana do Castelo.

Ai o dinheiro, outra vez o dinheiro


Capa do JN de hoje. No café, onde cumpro o hábito hegeliano de me unir ao mundo vendo o que nele acontece, mas raramente com o JN, ouvi o seguinte diálogo entre alguém que lia a capa do matutino portuense e outra pessoa ao lado:


- Tás a ver? Este padre é que é esperto. Olha aqui.
- São todos iguais.


Não só não são todos iguais, como a desonestidade do padre da notícia - é preciso ler a notícia toda e não ficar pelo título que até no tipo de letra emita a imprensa que vende bem, por vezes sem qualquer tipo de escrúpulo - não se confirma. A ilicitude dos processos, talvez. O perigo de abuso da boa fé, com certeza. Mas até ver...


Outra lição há a tirar da situação. Muitos padres e paróquias puseram-se a fazer grandes obras sociais que agora estão paradas por não haver dinheiro. Qualquer dia vem por aí uma nova vaga de nacionalizações. Bem avisou há tempos o Patriarca para que os seus padres não se metessem a fazer hospitais de cuidados continuados. O aviso serve para outras obras.

O bom do verdadeiro eu

Depois de termos aprendido a viver com o nosso verdadeiro eu, nunca mais conseguimos voltar a satisfazer-nos com a nossa falsa identidade: esta parece-nos completamente disparatada e superficial.


Richard Rohr, ofm

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Gonzaléz Faus reflete sobre o FMI



Opinião de Gonzaléz Faus sobre o FMI:
La infalibilidad del papa (que sólo vige en circunstancias muy limitadas, casi impracticables) se queda pequeña al lado de la infalibilidad del FMI, aunque haya que concederle a éste una gran ventaja sobre Roma y es la existencia de esa Oficina independiente de evaluación que hemos citado y que Roma no tolera de ningún modo. Pero resulta incomprensible que haya tantas gentes que, no creyendo en la infalibilidad del papa, creen en la infalibilidad del FMI que es mucho más peligrosa: porque no se ciñe a temas celestiales como la asunción de María, sino a cuestiones muy terrenas y serias que ponen en juego la vida de muchas personas.
Ler tudo aqui.

Gosto mais do teólogo do que do político e economista Gonzaléz Faus. Mas se é verdade que toda a boa teologia é necessariamente pastoral, prática, como dizia Karl Rahner, é também política.

Próximo Papa só por milagre não será italiano

No "Expresso" de sábado passado.

Que o próximo Papa vai ser italiano, também é da minha opinião que sim. Mas nunca se sabe se surge um Jorge Bergoglio (argentino, 76 anos), de quem dizem já ter recolhido muitos votos no último conclave, ou um Timothy Dolan (dos EUA, 62 anos - seria curioso ouvir falar da mãe do Papa; da sogra já se ouviu uma vez, nos Evangelhos).

Antes de Bento XVI falava-se de Maradiaga (hondurenho, 71 anos), mas este está queimado na imprensa norte-americana por causa de certas afirmações - não, não teve nada a ver com a sexualidade nem com a pedofilia.

Quanto aos italianos, há Ravasi, da cultura, e Scola, de Milão.

Que Bento XVI não fez reformas, também é da minha opinião que não. Fez, está a fazer, umas coisas tímidas. (Para alguns fez tudo perfeito; e para outros, até fez demasiado.) Os teólogos nunca são bons a fazer reformas. Isso é coisa de pastores. Os teólogos, como pensam demasiado, veem convenientes e inconvenientes em tudo. E isso paralisa.

Ouvido num repente

"Quando Deus trabalha, o homem sua".

Fumo

O sentido da relação humana com Deus não é aquele que afirma que quanto mais uma pessoa cresce cerca de Deus, mais a sua existência se dissipa, transformando-se numa nuvem de fumo.


Karl Rahner, Escritos Espirituais

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Debate entre Richard Dawkins e Rowan Williams


No dia 23 de fevereiro, teve lugar em Oxford um debate sobre "a natureza dos seres humanos e a questão da origem última" entre o cientista Richard Dawkins e o arcebispo anglicano Rowan Williams. Não é o primeiro diálogo entre estes dois antigos alunos de Oxford, o primeiro de Zoologia, o segundo de Teologia. Em 2008, Dawkins entrevistou Williams para o Channel 4.


Os bilhetes do Teatro Sheldonian esgotaram em poucas horas, no que será mais um sinal de que a questão religiosa volta a estar na ordem do dia em Inglaterra, como tem sido recorrentemente notado.


O debate, transmitido na net, pode agora ser visto aqui


As principais ideias estão resumidas neste blogue dos jesuítas de Braga.

Bento Domingues: A hora do concílio é hoje

Texto de Bento Domingues no "Público" de hoje.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Igreja e organização

O que fica claro é que a Igreja não deve ser pensada em termos de organização; a organização é que deve ser entendida em função da Igreja.


Joseph Ratzinger, ""Introdução ao Cristianismo", pág. 253.

Pedro, o pescador, ia à pesca de tiara

Diz-se que pelos lados do Vaticano o gosto pela ostentação, pelos mantos, peles, rendas e luvas, pela pose e ritualismos ocos está a crescer a ritmos estonteantes, com reflexos naturais em toda a orbe católica. Ou então cresce na orbe católica e concentra-se no Vaticano. Qualquer dos sentidos é um mau sinal.


A recente celebração dos cardeais esteve cheia disso. Os títulos, eminências, reverências,dons, monsenhores, príncipes..., prestam-se a mostrar o que a igreja tem de pior: o desejo de poder, a distância da realidade mais comum. E as vestes, os barretes... Se tivessem noção do ridículo, abandonavam-nos no instante. Mas em Roma, a monumentalidade da cidade e a diversidade da fauna eclesiástica atenuam a percepção do ridículo.




O que mais me impressionou, porém, foi terem vestido a estátua de S. Pedro (aquela que temos pés gastos pelas mãos dos peregrinos e visitantes da basílica), com vestes de imperador (é preciso não esquecer que boa parte das vestes eclesiásticas é uma imitação do poder romano), anel e tiara. Provavelmente, a paramentação da estátua de Pedro é algo habitual nestas celebrações. E é mais difícil acabar com uma tradição do que resolver o défice português.




A tiara tem três faixas, por causa dos três poderes papais (ordem, jurisdição e magistério), mas é preciso notar que, historicamente, as faixas foram aparecendo com o desejo de poder dos papas medievais. Quando Paulo VI se desfez de uma das tiaras, quis dizer que o poder da Igreja é o serviço à humanidade. Não precisa de símbolos ambíguos.


Li num livro de Bento XVI (quis agora mesmo encontrar a citação, mas não dei com ela) que um dos teólogos medievais (Bernardo de Claraval?) escreveu uma carta a um pontífice que ainda agora os Papas leem. Nela, pede-se ao Papa que se lembre que é sucessor de Pedro, um pescador, e não de Constantino, um imperador. A lição deveria ser aprendida por todos.


No dia 18 de fevereiro de 2012 

O Papa que vendeu a tiara.

Anselmo Borges: O Papa e as intrigas no Vaticano


"Desculpem, Reverências e Eminências, mas a Igreja não vai com púrpura, barretes cardinalícios e intrigas de poder. Só com o Evangelho".

Texto de Anselmo Borges no DN de hoje.

Dizia-me uma vez em Bruxelas, admirado e pesaroso, um ilustre teólogo da Universidade de Lovaina (Joseph Ratzinger até o cita num dos seus livros sobre Jesus de Nazaré; não é herege): "Como é que foi possível o movimento desencadeado por Jesus, essa figura simples e amiga dos pobres, que acabou crucificado, desembocar no Vaticano, com um Papa chefe do Estado?" Entende-se, quando se estuda a História, mas é preciso reconhecer a tremenda ambiguidade da situação e o perigo constante de traição da mensagem cristã.

Hoje, concretamente, como já aqui chamei a atenção, citando o livro de Hans Küng, Ist die Kirche noch zu retten? (A Igreja ainda tem salvação?), a Igreja Católica, a maior, a mais poderosa, a mais internacional Igreja, essa grande comunidade de fé, está "realmente doente", "sofre do sistema romano de poder", que se caracteriza pelo monopólio da verdade, pelo juridicismo e clericalismo, pelo medo do sexo e da mulher, pela violência espiritual.

Ora, a Igreja não pode entender-se como um aparelho de poder ou uma empresa religiosa; só como povo de Deus e comunidade do Espírito nos diferentes lugares e no mundo. O papado não tem de desaparecer, mas o Papa não pode ser visto como "um autocrata espiritual", antes como o bispo que tem o primado pastoral, vinculado colegialmente com os outros bispos.

A Igreja tem de fortalecer as suas funções nucleares: oferecer aos homens e mulheres de hoje a mensagem cristã, de modo compreensível, sem arcaísmos nem dogmatismos escolásticos, e celebrar os sacramentos, sem esquecer o dever de assumir as suas responsabilidades sociais, apresentando à sociedade, sem partidarismos, opções fundamentais, orientações para um futuro melhor.

Não se trata de acabar com a Cúria Romana, mas de reformá-la segundo o Evangelho. Essa reforma implica humildade evangélica (renúncia a títulos como: Monsignori, Excelências, Reverências, Eminências...), simplicidade evangélica, fraternidade evangélica, liberdade evangélica. E é necessário mais pessoal profissional, acabando com o favoritismo. De facto, esta Igreja é altamente hierarquizada e ao mesmo tempo caótica. Quem manda no Vaticano? "Conselheiros independentes haverá poucos." Precisa-se de transparência nas finanças da Igreja.

Acima de tudo e em primeiro lugar, é preciso voltar a Jesus Cristo, ao que ele foi, é, quis e quer. De facto, em síntese, a Igreja é a comunidade dos que acreditam em Cristo: "A comunidade dos que se entregaram a Jesus Cristo e à sua causa e a testemunham com energia como esperança para o mundo. A Igreja torna-se crível, se disser a mensagem cristã não em primeiro lugar aos outros, mas a si mesma e, portanto, não pregar apenas, mas cumprir as exigências de Jesus. Toda a sua credibilidade depende da fidelidade a Jesus Cristo".

Problema maior é a Cúria. O cardeal Walter Kasper, referindo o actual péssimo clima no Vaticano, que causa "confusão" entre os fiéis, disse que Bento XVI anda "muito triste". E tem razões para isso. O paradoxo é este: o papado é a última monarquia absoluta do Ocidente, mas o Papa não controla a Cúria. Duas cartas do núncio apostólico nos Estados Unidos denunciam corrupção ao mais alto nível no Vaticano. Agora, em finais de pontificado, começaram já as intrigas maquiavélicas e as lutas pelo poder, no sentido de manobrar a sucessão, tendo-se chegado até a falar numa conspiração para matar o Papa.

Neste contexto, o Papa lembrou, no passado Sábado, aos novos cardeais que "domínio e serviço, egoísmo e altruísmo, posse e dádiva, interesse próprio e generosidade: estas lógicas profundamente opostas confrontam-se em todas as épocas e em todos os lugares. E não há dúvida nenhuma sobre a via escolhida por Jesus". Recomendou que "renunciem ao estilo mundano de poder e de glória". "O serviço de Deus e a doação de si é a lógica da fé, que está em contradição com o estilo mundano".

Desculpem, Reverências e Eminências, mas a Igreja não vai com púrpura, barretes cardinalícios e intrigas de poder. Só com o Evangelho.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

24 de fevereiro de 1582. Gregório XIII publica a bula que reforma o calendário

 Pormenor do túmulo de Gregório XIII, sobre a introdução do novo calendário

Foi no dia 24 de fevereiro de 1582 que Gregório XIII publicou a bula “Inter gravissimas”, que reformou o calendário juliano. Hoje, o calendário gregoriano é seguido pela maioria dos países, incluindo a China, desde 1949. A diferença principal entre o calendário juliano o gregoriano prende-se com os bissextos. No primeiro, há anos bissextos de quatro em quatro anos. No segundo, segue-se essa regra, mas acrescenta-se mais duas: 1) os anos divisíveis por 100 e cujo resto é zero – 1700, 1800, 1900… – não são bissextos; 2) mas os anos divisíveis por 400 já são, como foram os de 1600 e 2000. Com isto aproximou-se o ano do calendário ao ano solar. 

Agora, o ano gregoriano, em média, tem mais 27 segundos do que o ano solar, o que quer dizer que no ano 4782 (passados 3200 anos de entrada em funcionamento do calendário gregoriano) será necessário suprimir um dia, pois haverá 86 400 segundos de desfasamento, um dia completo. Se esse ano fosse bissexto, bastava suprimir o 29 de fevereiro. Mas não é.

Fortuna do Opus Dei, agora o texto

E agora o texto da "Sábado" sobre o Opus Dei. Grande ilustração a da primeira página, diga-se. Ver no final o comunicado do Gabinete de Imprensa do Opus Dei sobre as notícias da "Sábado".











Comunicado de 24 de Fevereiro de 2012
Na sequência do artigo “A fortuna escondida do Opus Dei em Portugal” publicado ontem pela revista Sábado.

O Opus Dei é, pela quinta vez, tema de capa na revista “Sábado”, desta vez sob o título “A fortuna escondida do Opus Dei em Portugal”. A esse propósito, esclarecemos:

Sobre os aspectos económicos do Opus Dei

1. O Opus Dei é uma instituição da Igreja Católica que difunde a mensagem de que o trabalho e as circunstâncias habituais são ocasião para o encontro com Deus, o serviço aos outros e o melhoramento da sociedade.

2. Ao fazê-lo, utiliza instalações materiais que são fruto do esforço de muitas pessoas que ao longo de muitos anos deram a sua ajuda. Essas instalações não são propriedade do Opus Dei; são propriedade de instituições de direito civil comum constituídas por pessoas, a maioria do Opus Dei, que se associam para colaborar com aquela acção formativa.

3. Ou seja: os donativos dados aos apostolados do Opus Dei são para essas instituições, que os tornam seus e aplicam às finalidades definidas pelos doadores.

4. Assim, a responsabilidade pertence aos leigos que constituem essas instituições, e é a eles que compete gerir os bens económicos. A sua afectação aos projectos de colaboração com o Opus Dei é uma opção desses responsáveis, em coordenação mútua.

5. Essas instituições existem para conservar os bens adequando-os à vontade dos doadores; não para procurar e distribuir lucros. Os bens servem muitas pessoas; não são para apropriação e benefício pessoal.

6. Não é demais recordar: o Concílio Vaticano II revalorizou as iniciativas civis dos cristãos leigos; caminho que, além do mais, não sobrecarrega as estruturas eclesiais.

7. Quando se afirma que o Opus Dei não tem bens, não se diz uma frase bonita, embora juridicamente inatacável. Retrata-se a sua actuação, que leva os leigos a assumir a sua responsabilidade e liberdade como cidadãos e como cristãos, em todos os âmbitos, em concreto, no referente aos aspectos económicos.

8. As instituições que cedem as instalações materiais estão sujeitas às leis civis comuns. Sem que se lhes apliquem as vantagens legais, mesmo fiscais, eventualmente ainda reservadas a instituições e bens eclesiásticos.

Sobre a reportagem da revista “Sábado”.

9. A "Sábado" permitiu-nos a seu tempo expor tudo o que acabámos de dizer. E estamos gratos. Mas não aceitou como boa essa explicação.

10. O Gabinete de Imprensa tentou esclarecer as dúvidas sobre esta instituição da Igreja, deu a informação possível e remeteu para as instituições com quem a prelatura colabora as questões que só a elas compete esclarecer.

11. Perdida a explicação essencial das coisas torna-se pouco importante responder exaustivamente à reportagem, não isenta de inexactidões, confusões e ambiguidades. A consulta do site www.opusdei.pt permite aceder a informação abundante sobre o que é e qual a finalidade desta instituição da Igreja.

12. Infelizmente, nem sempre a imagem pública da Igreja Católica, e do Opus Dei, está próxima da realidade. Cabe aos comunicadores da Igreja facilitar esse encontro. Nem sempre com êxito, como neste caso. Porém, não desistimos. Mantemos o desejo de trabalhar em conjunto com os profissionais dos media.

Pedro Gil
Director do gabinete de imprensa do Opus Dei

Fortuna escondida do Opus Dei


Ontem (23 de fevereiro de 2012) foi o dia em que a "Sábado" publicou o seu número anual sobre o "Opus Dei". Todos os anos publica um. É negócio seguro. E os padres do Opus Dei ficam bem na capa. Há também os números repetidos todos os anos sobre dietas saudáveis, formas miraculosas de a) emagrecer b) investir o dinheiro c) arranjar emprego e os 10 recantos de Portugal que ainda são segredo. Mas não são a mesma coisa.


Já havia a fortuna escondida dos Templários (para mim, é evidente que os portugueses espatifaram-na em caravelas, pelo menos a parte que nos tocava; por isso puseram lá a cruz da Ordem de Cristo, sucessora da Ordem dos Templários). Agora há a do Opus Dei.

Açores. Livro: “Jesus de Nazaré e as Mulheres – a propósito de Maria Madalena”



O livro “Jesus de Nazaré e as Mulheres – a propósito de Maria Madalena”, de A. Cunha de Oliveira, será apresentado hoje, pelas 21h30, na Galeria do IAC (Instituto Açoriano de Cultura). A apresentação da obra estará a cargo do Padre Júlio Rocha, professor do Seminário Episcopal de Angra.

O autor, “sacerdote católico dispensado do ministério e casado”, defende que, ao “contrário de toda a criatividade literária e cinematográfica dos últimos trinta anos, a investigação histórica e literária mais despreconceituosa, séria, extensa e profunda, quer a partir dos escritos canónicos e dos primeiros autores cristãos, como dos seus contemporâneos não cristãos e até anti-cristãos, quer da correcta leitura dos evangelhos gnósticos (ao contrário do que fez Dan Brown), nada milita em favor do casamento de Jesus de Nazaré”.

Ler mais aqui.

Agradeço ao Paulo, que me deu esta informação. Sobre a confusão à volta de Madelena, já agora, ler aqui.

Uma maneira bem determinada de ver e entender a minha vida

Para mim, a fé é uma maneira bem determinada de ver e entender a minha vida. Quando alguém me diz que não consegue crer, que está muito distante da fé, que ela não lhe diz nada, eu não tento transmitir-lhe nem explicar-lhe as verdades da fé. Em vez disso pergunto: Como vê a sua vida? Como vê o mundo? E então eu mostro que ele tem uma bem determinada interpretação da vida e do mundo.


Anselm Grun, Dimensões da fé, Vozes, p. 33

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Teólogo John Hick (20-01-1922 - 09-02-2012)

Morreu há dias o teólogo inglês John Hick (20 de janeiro de 1922 - 9 de fevereiro de 2012). Eu não o conhecia, mas reconheço agora que foi importante para a cristologia, a epistemologia da religião e o pluralismo religioso.


Cristologia. Fui ver se Bento XVI o cita. Pelo menos no primeiro volume sobre Jesus, não. John Hick escreveu "A metáfora de Deus encarnado" para retirar a ganga filosófica e metafísica grega da teologia sobre Jesus Cristo. A ideia de encarnação é para entender de maneira metafórica e não literal, diz quem conhece a obra do inglês. Parece vir na sequência de grandes alemães protestantes como Bultmann.




E pela aparência, Hick parece aproximar-se de Roger Haight (na foto), autor de "Jesus, símbolo de Deus" (original de 1999, publicado pelas Paulinas do Brasil em 2003), ou antes o contrário. O norte-americano é que se aproxima de Hick porque a obra é posterior. Haight também não é citado por Bento XVI, mas é considerado como uma grande referência - e novidade -  nos estudos sobre Jesus Cristo nos últimos anos. Aliás, Haight, jesuíta, está proibido de ensinar desde 2004 pela Congregação da Doutrina da Fé, ainda Ratzinger estava aos comandos. Claro que não pode citar um autor proscrito. E debater argumentos nunca foi a metodologia preferida de Roma.


De facto, Haight cita Hick várias vezes e apresenta o seu pensamento no cap. 14, sobre "Jesus e as religiões mundiais".


Sobre John Hick ler aqui a notícia da morte (em inlgês), aqui um comentário sobre a sua cristologia, e aqui uma entrevista sobre "Deus, Jesus e o pluralismo religioso". E ver aqui o instituto que tem o seu nome.

Mulheres essenciais

Na "Visão" de hoje. Sensatez e bom senso no texto do opinador.

Humor com barrete vermelho



Desinibido e simples, o cardeal Timothy Dolan (arcebispo de Nova Iorque), a estrela ascendente do universo púrpura, teve, a seguir ao consistório, outro gesto genuíno: apresentar ao Papa a sua mãe, de 84 anos. “Santo Padre, esta é a minha mãe”. E com o seu habitual sentido de humor, o purpurado acrescentou: “Podia fazer dela a primeira dama do Consistório”.

Bento XVI [também tem 84 anos], sorridente e afável, apanhou as mãos da senhora Shirley e disse-lhe: “É muito jovem para ser a mãe de um cardeal”. Ao que a mãe do cardeal respondeu: “Santo Padre, essa declaração é infalível?”

Dolan, de 62 anos, é um dos escassos príncipes da Igreja suficientemente jovem para ter a alegria de conservar com viva a sua mãe.

Traduzi daqui.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Isenção de IMI pode acabar para a Igreja

No "Dinheiro Vivo" (DN ou JN) de sábado, 18 de fevereiro.

Amar on e off line


As lutas de poder no Vaticano, segundo o "i"

No "i" de hoje. Desconhece muitos elementos. Falha os alvos.

Vatileaks chega ao "i". Só ontem.


No "i" de ontem (online aqui). Com uma semana de atraso. Por isso o jornal volta hoje ao assunto. A seguir.



Como escalar uma parede vertical



Noutro tempo, eu era um alpinista entusiasta. Quando se pretende escalar uma parede vertical é preciso ter, pelo menos, três pontos de apoio na rocha. Só dessa maneira é possível subir e alcançar o quarto ponto. Se existe somente um ponto de apoio, fica-se suspenso sem qualquer ajuda. Desse modo, é impossível avançar. Nem sequer dois pontos de apoio são suficientes. Só com três conseguimos subir. Esses pontos de apoio estão, para mim, na Sagrada Escritura.



Cardeal Carlo Maria Martini, Colóquios nocturnos em Jerusalém. Sobre o risco de acreditar, pág. 101-102

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Três igrejas portuguesas num concurso internacional de arquitetura

Há três edifícios portugueses entre os 48 concorrentes ao prémio de "Edifício do Ano 2011" na categoria de arquitetura religiosa no sítio ArchDaily, que se apresenta como "o sítio de arquitetura mais visitado do mundo".


Entre os 48 edifícios serão escolhidos cinco (a votação para as nomeações termina hoje, aqui), que irão depois novamente a votos, nos próximos 15 dias.


Os três edifícios portugueses que podem ganhar a nomeação são:


Igreja da Boa Nova, no Estoril


Capela de Santa Ana, em S. Pedro de Canedo, Santa Maria da Feira


Capela Árvore da Vida, no Seminário de Braga.

Morreu D. Manuel Franco Falcão

Morreu o antigo bispo de Beja, D. Manuel Franco Falcão.




Quero assinalar aqui a sua partida, já que sou leitor da sua "Enciclopédia Católica Popular", na versão impressa.


A Enciclopédia pode ser consultada online.

Medo e indiferença na Igreja

Na realidade, existem as duas coisas na Igreja, medo e indiferença. Os indiferentes serão acordados e sacudidos por Jesus; os medrosos serão encorajados. E naturalmente que ele começará isto pelos seus. Todas as Igrejas, todas as religiões têm a finalidade de realizar o bem no mundo, de tornar o mundo mais esclarecido. E Jesus ajudá-as-lá a realizarem melhor a sua missão no mundo.


Cardeal Carlo Maria Martini, Colóquios nocturnos em Jerusalém. Sobre o risco de acreditar, pág. 36-37

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

20 de fevereiro de 1878. É eleito Leão XIII



Leão XIII (Vincenzo Buzzi) foi eleito Papa no dia 20 de fevereiro de 1878, a poucos dias de fazer 68 anos, e morreu em 1903, no dia 20 de julho.


Leão XIII foi um renovador, depois de Pio IX, papa do Vaticano I e da infalibilidade, da reclusão no Vaticano perante a reunificação da Itália.


Notou-se especialmente a renovação de Leão XIII na atenção à "questão operária" com a publicação da encíclica "Rerum Novarum", em 1891, que inaugurou um estilo de proclamação do pensamento social da Igreja, a chamada doutrina social da Igreja. Com a "Rerum Novarum", o Papa repudiou o comunismo e preconizou a formação de associações de trabalhadores. Lançou os fundamentos do que viria a ser em alguns países europeus a democracia cristã.

Preguiça de Portugal


A Estação Cronográfica recorda hoje um textinho do Padre Manuel Bernardes, autor que pode andar esquecido mas continua a estar no top 5 dos maiores escritores portugueses. 
Dizem que Habis, filha d'el-rei Gorgon, por haver sido criada nos bosques com leite de uma serva, saiu ligeiríssima no correr. Estou considerando, que leite mamaria uma destas causas (falando de demandas), ou requerimentos na mão de ministros e seus oficiais, que não há remédio a fazê-la correr? Se beberia o leite da Preguiça do Brasil (a quem os castelhanos chamam por ironia Perillo ligero), que gasta dois dias a subir a uma árvore, e outros dois a descer? 
Mas não é adequado o simil: porque a Preguiça do Brasil anda devagar, mas anda; e a Preguiça do Reino, e os seus Ministros, a cada passo pára, e dorme: dois meses para entrar um papel, e parou; outros dois para subir a consulta, e tornou a parar; outros dois para descer abaixo, e temo-la outra vez parada; mais tantos meses para se verem os outros; mais outros tantos para se formar a tenção; mais tantos anos para embargos, apelações, suspensões e tréplicas; ó Preguiça do Brasil, já eu digo, não por ironia, senão por boa verdade, que tu em comparação da Preguiça do Reino és Perillo ligero
 Padre Manuel Bernardes

Ainda o Cardeal e as mulheres


No JN de sábado, 18 de fevereiro.

Ateus empenhados


Se às vezes pensamos que alguns ateus de hoje são mais encarniçados e anticlericais (a par de outros que são mancos, com nostalgia do Absoluto e com quem geralmente a hierarquia católica gosta de dialogar), deveríamos viajar até França, na passagem do século XIX para o XX, para ver como os de agora são gatinhos mansos ao pé dos de então, que chegavam a fazer vigia à porta dos moribundos para que a "padrecada" não contactasse com eles nos momentos finais, dados a "certas fraquezas do espírito".

Num espaço curto de anos, surgem: 

Pequeno catecismo do Ateu (1903)
Pequeno Catecismo Popular do Livre-Pensador (1902) (na imagem, uma 5.º edição, de 1904)
Catecismo do Livre-Pensador (1877)
Contra-Catecismo Elementar (1913)

Este último, de Antoine Serchl, é ao estilo pergunta e reposta, como o "Catecismo de Pio X", de 1905 (todos os que têm mais de 40 anos e andaram na catequese lembram-se pelo menos de uma pergunta / resposta da versão resumida: "- Onde está Deus? - Está no céu, na terra e em toda a parte").

Um excerto do Contra-Catecismo de Antoine Serchl:

- É cristão?
- Não, sou livre-pensador
- O que é um livre-pensador?
- O livre-pensador é aquele que apenas acredita e admite a autoridade da ciência
...
- Não é só Deus que tem o poder de criar e de destruir?
- Não creio em Deus.
- Porquê?
- Porque para acreditar em Deus é preciso situá-lo no tempo e no espaço e então será material, ou seja, já não é Deus.

Fonte: História do Ateísmo, de Georges Minois, aí pelas páginas 560-570.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

19 de fevereiro de 1473. Nasce Copérnico


Astrónomo e matemático, padre da Igreja Católica, cónego, Nicolau Copérnico nasceu no dia 19 de fevereiro  de 1473 e morreu no dia 24 de maio de 1543, na Polónia.

Deixou escrita a obra “De revolutionibus orbium coelestium”, “Acerca das revoluções das esferas celestes”, que revolucionou de facto a astronomia. A obra foi publicada logo após a sua morte, embora tivesse sido escrita décadas antes. Estava dedicada ao Papa Júlio III.

No início, o heliocentrismo não causou qualquer problema entre os católicos, mas mereceu a reprovação da parte de Lutero (1483-1546), que conhecia as teses do livro mesmo antes de ser publicado. Com o caso Galileu, umas décadas mais tarde, o heliocentrismo, em confronto com a Bíblia, tornar-se-ia um problema para a intelectualidade católica, apegada à interpretação literal do livro de Josué.

Cardeal Martini: Quando olho para o mal no mundo...

Quando olho para o mal no mundo, prende-se-me a respiração. Compreendo as pessoas que chegam à conclusão de que Deus não existe. Só quando olhamos o mundo - tal como é - com os olhos da fé é que se pode transformar algo. A fé desperta o amor, ela leva a que nos comprometamos pelos outros. Da entrega surge a esperança - apesar do sofrimento.


Carlo Maria Martini, "Colóquios nocturnos em Jerusalém", pág. 17

Bento Domingues: Religião estável e religião itinerante

Texto de Bento Domingues no "Público" de hoje. "Não se pode pedir aos indiferentes que façam o trabalho de evangelização que compete aos cristãos e aos seus líderes".

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Só há doze bispos no mundo. São todos homens e judeus

No início de novembro este meu texto foi publicado na Ecclesia. Do meu ponto de vista, esta é a questão mais importante que a Igreja tem de ...