domingo, 29 de janeiro de 2012

Amos Oz e o gene comum do fanatismo



Dizem que Jerusalém tem um estranho poder sobre quem a visita. Um pouco como Florença em relação à arte, com a síndrome de Stendhal. Amos Oz descreve num magnífico ensaio - “Contra o Fanatismo” - como é a reconhecida doença mental chamada “síndrome de Jerusalém”: “Uma pessoa chega, inala o ar puro e maravilhoso da montanha e, de repente, inflama-se e pega fogo a uma mesquita, a uma igreja ou a uma sinagoga. Ou então, tira a roupa, sobe a um rochedo e começa a fazer profecias. Já ninguém escuta”.

Reli o ensaio de Oz porque há dias o suplemento “Q” (DN de 21 de janeiro de 2012) dizia que, “ainda hoje, são internados no asilo da cidade cem paciente por ano sofrendo de síndrome de Jesusalém, uma demênca devido à «excitação religiosa provocada pela proximidade dos locais religiosos» da cidade”.

A releitura foi elucidativa a outro título. Abordando o fanatismo político e religioso da questão Isreal-Palestina, deixa uma dicas úteis para construir desas contra o “gene fanático que todos temos dentro de nós”: “sentido de humor, a capacidade de imaginar o outro, e capacidade de reconhecer a capacidade peninsular que existe em cada um de nós”.

Estes itens mereceriam ser mais explicados. Imagino que, na Igreja, muita da intolerância, algum do fanatismo e um certo anquilosamento teológico resultam precisamente da falta humor e da incapacidade de imaginar o outro.

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