quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O cheiro de Deus

Introdução a Mestre Eckhart
Michael Demkovich
Paulinas
200 páginas

“No seu tempo, [Mestre Eckhart] teve muita fama como teólogo e como místico. Depois, durante séculos, foi grandemente esquecido. Agora é um mestre espiritual que é apreciado por cristãos, budistas e outros crentes, por intelectuais e por pessoas que desejam simplesmente chegar mais perto de Deus ou descobrir o Deus que já está no centro das nossas vidas”, escreve Timothy Radcliffe, antigo geral dos dominicanos, no prefácio desta obra.

Mestre Eckhart (1260-1327), teólogo, filósofo e pregador dominicano. Nasceu na região da Turíngia, no centro da Alemanha, e terá morrido em Avinhão, França, mas não se sabe onde foi sepultado.

Neste livro, Michael Demkovich, também ele membro da Ordem dos Pregadores (dominicanos), traça uma biografia do místico medieval: a sua educação, o ensino em Paris e Estrasburgo, a direcção de uma comunidade de frades, o julgamento das suas doutrinas, em Avinhão, consideradas heréticas.

Na segunda parte, “Sobre a Alma (De Anima)”, desenvolve uma espécie de “conhece-te a ti mesmo” seguindo as intuições do frade alemão patentes nos seus sermões.

A última parte recolhe dez exemplos, isto é, imagens, comparações, alegorias, da pregação de Eckhart. O intelectual da Universidade de Paris, que era o grande centro cultural da Idade Média, pregava as mesmas ideias ao povo que nunca estudara filosofia. Jesus tinha as parábolas. Eckhart tem os “exempla”. Radcliffe revela os seus dois preferidos: “O primeiro descreve como necessitamos de algum ponto estável nesta vida turbulenta: somos como pessoas levadas pela corrente, rio abaixo, que, quando querem dormir, deitam a âncora para poderem ficar tranquilas. O segundo compara a pessoa que anda em busca de Cristo ao cão de caça que apanhou o faro de um coelho. Se o cão passa à frente ou ao lado do coelho, perde o cheiro”. No desenvolvimento do exemplo, Eckhart observa que há cães que em vez de seguirem o cheiro, seguem o cão que vai à frente. Não vão longe. Demkovich explica: “Tão frequentemente as pessoas procuram Deus da maneira como vêem outras pessoas procurar Deus, mas nunca apanharam realmente «o cheiro de Deus»”.

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