domingo, 15 de novembro de 2009

Universidades e crucifixos

Universidade de Notre Dame, no Indiana

A propósito de crucifixos, e uma vez que referi aqui hoje Universidade Georgetown, note-se que entre 1966 e 1999 resolveram pôr crucifixos nas salas de aulas desta universidade. Os quartos do hospital e algumas salas históricas já os tinham há muito tempo, mas a generalidade dos espaços não.

A colocação atraiu a atenção dos média e da opinião pública. Aconteceu então algo curioso. A comunidade católica do campus exigiu a remoção dos crucifixos, mas os líderes das outras crenças defenderam a sua colocação.

Já agora, sobre crucifixos e universidades norte-americanas, não resisto a transcrever duas histórias de Onésimo Teotónio de Almeida (OTA), na “Ler” de Junho de 2008. Espero transcrevê-las sem erros porque há precisamente oito dias copiei uma – aqui – com gralhas e ele escreveu-me um mail simpático a apontá-las.

As histórias têm como referência a University de Notre Dame (salvo erro, aquela em que Obama foi apupado por militantes anti-aborto; fundada em 1842 pela Congregação da Santa Cruz). Diz OTA:

“Na altura [ou seja, há décadas] o seu reitor, o famoso Padre Hesburgh, emergira como verdadeiro jet-set viajando pelo mundo inteiro, pois decidira fazer da sua pequena universidade católica uma Ivy League do «Meio Oeste» americano. Cruzava os espaços aéreos nacional e internacional a mobilizar os antigos alunos (alumni), a ponto de circular por aqui a piada: «Qual a diferença entre Deus e o Padre Hesburgh? Deus está em toda a parte, o Padre Hesburgh em toda a parte está, excepto em Notre Dame»”.

A segunda, esta sim, com um crucifixo:

“Havia que convencer um brilhante físico judeu, recém-doutorado em Harvard, a vir para Notre Dame. Pretendentes eram várias universidades com muitos mais pergaminhos. O Padre Hesburgh interveio. Quis servir de guia na visita que o candidato vinha fazer a inteirar-se da situação in loco antes de se decidir. Percorrido o campus, restava a famosa basílica. A entrada deixou-o em frios suores. «Padre Hesburgh, não lhe disseram que sou judeu?» Irónico, disfarçado de bonomia, o reitor: «E era preciso? Com esse nome, Isaac Choen?! Homem, já sabe que aqui não somos religiosos fanáticos. Temos professores de todos os credos. Creio que isso não constitui qualquer problema».

A visita à igreja, de traça franco-americana, prosseguiu com um Isaac mais calmo a secar na roupa o calafrio. A visita culminou junto do altar onde, à direita, numa coluna, está suspenso um crucifixo. Então o reitor: «Sabe o que aquilo significa?» Hesitando, meio sem jeito, o jovem acena afirmativamente. O Padre Hesburgh insiste como a ver se ele sabe a lição de cor. Isaac esquiva-se: «Claro que sei, mas o senhor saberá muito melhor, pois foi professor de Teologia Católica.» Hesburgh avançou: «Pois, qualquer que seja a versão que lhe tenham passado, creia que aqui em Notre Dame estamos convencidos de que Ele foi crucificado porque… não publicou»”.

Sem comentários:

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